A vivência de um Mestrado, pelos olhos de Murilo Lamano


Todos sabemos os desafios de obter o título de MESTRE, é uma grande etapa na carreira de todos. Necessita de grande dedicação, requer planejamento metodológico, base científica e ética para termos resposta à um problema. Nosso fisioterapeuta Murilo Zoccoler Lamano topou e venceu esse desafio. A decisão de ingressar na carreira acadêmica veio logo após a conclusão do seu curso de especialização, no final de 2014, em 2016 se matriculou no programa, foram dois anos de muito trabalho, para na última semana obter o grau de mestre em Ciência da Reabilitação pela Universidade de São Paulo.

Fizemos uma entrevista com ele para compartilhar essa jornada. A sua proposta foi avaliar durante a internação dos pacientes de terapia intensiva as alterações em nível muscular e funcional, sem deixar de verificar a associação entre essas condições. Na literatura de hoje sabe-se que o indivíduo acamado tem alterações no sistema muscular, que acaba comprometendo o nível funcional, e a proposta do trabalho foi de descobrir, realmente o que acontece no músculo e o quanto que isso impacta na sua funcionalidade e na capacidade do indivíduo em realizar as atividades de vida diária.

Murilo, o que representou na sua vida profissional essa etapa concluída?

Só de realizar o processo do mestrado já é um amadurecimento, se eu olhasse para o Murilo antes de fazer mestrado e o Murilo de agora, eu apanhei bastante para realizar, para aprender, muita vezes parece que a gente não sabe o suficiente, então dá aquela sensação de “poxa, talvez pudesse ter feito um pouquinho mais” ou até aprendido um pouco mais… Mas, sem dúvida, o quanto eu tinha de conhecimento em relação a pesquisa, desenvolver o trabalho mudou muita coisa. Com o processo de aprendizado, hoje, se eu fosse realizar o mesmo estudo acho que eu conseguiria encurtar vários caminhos e até realizar o estudo de uma forma melhor, mais completa, então o mestrado acaba te dando uma grande bagagem. Entender melhor o mundo da pesquisa e consequentemente o que esse mundo da pesquisa influencia na sua assistência clínica, no seu dia-a-dia. Hoje eu consigo enxergar um pouco melhor o mundo complexo do nosso paciente, o estudo também acaba te motivando mais, porque você vê o quanto que aquilo pode trazer de diferença na vida do doente, e aqueles pontos estudados se ressaltam, além dos benefícios de fazerem presentes para sua terapia.

O quanto você amadureceu como ser humano, vencendo este grande desafio?

Eu nunca me sinto maduro o suficiente, acho que até pelo tipo de serviço que a gente presta, o continuar buscando e querendo conhecer mais, amadurecer mais, se faz uma rotina. Aprimorar a capacidade de aperfeiçoar a técnica, adquirir conhecimento e se manter motivado naquilo que você faz. E não diria que é fácil manter essa constante motivação, se manter lutando pra querer mais e entender melhor o nosso paciente. O mestrado não deixa você se acomodar, então a atenção toda está para gerenciar, desenvolver formas, sempre buscando conhecimento, e essa jornada requer constante atenção, pois a proposta é de continuar com essa linha de pesquisa. O programa de mestrado não me deixou parado em nenhum momento, isso foi muito bom, pois trouxeram muitas mudanças na minha vida profissional, como a importância de um planejamento e organização, tanto do seu trabalho como seu estudo para não deixar nada pra trás.

Como os recursos tecnológicos de baixo custo podem ser aplicados em produções científicas?

Bom, hoje em dia temos muitos instrumentos que ajudam a quantificar para termos, justamente esse norte na fisioterapia, instrumentos com valores de referência para avaliar determinado sistema, por exemplo, utilizamos um instrumento que é a dinamometria para avaliar a força global do indivíduo e pode ser considerado, relativamente barato, no qual conseguimos mensurar a força do indivíduo, e hoje sabemos na literatura níveis de normalidade, incluindo as pessoas hospitalizadas, então conseguimos perceber quando um paciente está apresentando algum grau de fraqueza, algum déficit de força específico de forma mais rápida, tanto na atuação de dia-a-dia quanto para pesquisa. Isso nos traz uma terapêutica efetiva e conseguimos quantificar melhor o efeito daquela internação na força, e isso estou falando somente da força.

Essa avaliação também pode relacionar outros fatores como a ativação muscular, mensurada pela eletromiografia, para visualizar melhor como os músculos estão se comportando, ultrassonografia muscular, e até outras formas de instrumentos para ajudar na reabilitação. Hoje existem alguns instrumentos simples que podem mudar, acelerar e, principalmente facilitar a recuperação do paciente.

Qual a relevância para a fisioterapia deste trabalho?

Bom, hoje a fisioterapia é uma profissão relativamente nova, quando comparada com a área médica e outras áreas de saúde, como a enfermagem e a odontologia que tem um tempo maior de existência. Ainda necessitamos de alguns nortes na fisioterapia, apesar de novos estudos estarem surgindo, existem poucas evidências daquilo que a gente faz. Então a proposta do estudo foi justamente essa, verificar quais pontos o fisioterapeuta tem que estar atento durante a internação da UTI para transformar e não deixar que o paciente tenha alta hospitalar com muitas perdas durante a internação, tanto no aspecto do sistema muscular quanto no aspecto funcional. Analisar o quanto que esse paciente consegue sair e ser capaz de realizar as atividades de vida diária, ser capaz de realizar as atividades dele físicas e laborais, conseguindo identificar algumas variáveis que influenciam nessas questões para consolidar e aprimorar ainda mais nossa atuação.

Qual a relevância para o Instituto Central deste trabalho?

Este trabalho acabou atuando com grupos de pacientes diferentes, então foi selecionado um grupo de pacientes clínicos e cirúrgicos do Instituto Central e traçamos o perfil desses pacientes com todos esses componentes e variáveis. O estudo conseguiu verificar o perfil do paciente internado aqui, e com esse diagnóstico preciso, melhoramos nossas intervenções. Mensurar e verificar essas variáveis que influenciam este doente foi benéfico e efetivo para nossos pacientes.

Este mestrado foi publicado em alguma revista científica?

Na verdade, estamos em submissão para algumas revistas de impacto internacional e são necessários alguns ajustes. São muitos desafios para mais esta importante etapa, mas a intenção é que até o ano quem vem a gente consiga publicar.

Texto e perguntas: Cássio Stipanich

Apoio: Vanessa Lima Santos

 

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