Fisioterapia nos Transtornos de Ansiedade


Os transtornos de ansiedade acometem grande parte da população brasileira e mundial e causam alterações comportamentais, por exemplo, se uma mulher leva sua filha ao médico e o médico refere que avaliou o crescimento de sua filha, uma pessoa ansiosa pode pensar logo seja algo grave, enquanto, o significado real pode ser apenas em relação à altura e peso da criança.

Todos nós passamos por momentos de ansiedade, quando temos que lidar com uma situação nova ou inesperada, podendo ser uma situação positiva ou negativa. Esses momentos costumam ser sempre acompanhados de muitas reações do corpo como batimento acelerado do coração e alteração da respiração, e estamos acostumados a interpretar como momentos de significado negativo. Todos esses sinais devem ser bem observados e avaliados por um médico, eles costumam estar relacionados as respostas do nosso cérebro a situações de “luta e fuga” ou situações de maior estresse.

Em um estudo científico no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, os pesquisadores mostraram que pessoas com medo de altura (um transtorno de ansiedade chamado de Acrofobia) apresentam instabilidade postural (aumento da oscilação da postura) em determinadas situações fisiológicas. Repare que nesse estudo as pessoas não foram colocadas em situação de estresse e nem tinham contato com nenhum estímulo emocional. Os pesquisadores avaliaram a pessoa em situação fisiológica (como para entender um terreno antes de plantarmos um jardim), e o que observamos é que as pessoas com medo de altura balançam mais dependendo das informações (sensoriais) que conseguem sentir do ambiente. Neste caso são pessoas que dependem bastante de um apoio ou superfície (o chão) bem firme e estável, toda a vez que balançávamos um pouco a superfície, e pedíamos para essa pessoa manter os olhos em uma tela de computador com um teste específico, a pessoa balançava mais do que no grupo de pessoas que não tinha medo de altura. Nenhum dos participantes (nem pacientes, nem controles), sentiu medo ou desconforto nessas situações. Conseguimos fazer uma avaliação de seu “terreno fisiológico”.

Essa situação do teste foi pensada para reproduzir o que uma pessoa com medo de altura pode passar se estiver num local alto, estando a pessoa parada ou em movimento, por exemplo, como num elevador ou subindo numa escada rolante, o chão embaixo dos pés dela está se movendo no ambiente e os olhos está observando alvos que podem estar se movendo mais ou menos dependendo de cada situação. Pudemos fazer isso sem que a pessoa precisasse enfrentar a situação real que poderia deflagar o medo. Uma pessoa que balança mais, em muitos casos, está em risco de queda e isso explica que o medo pode vir nessas horas para protegê-la, por exemplo, o medo sinalizaria uma situação de perigo real de queda, não-imaginário e ajudaria a pessoa a sair ou evitar aquela situação. Por exemplo, se a pessoa nessa hora tenta se sentar, ou segurar um local, ou se abaixar, dizemos que ela está tentando se equilibrar, diminuindo a altura do centro de gravidade (aproximando ele do chão), tentando aumentar a base (afastando os pés) e tentando se apoiar, se estabilizar.

Esse teste nos permite inferir que talvez seja o labirinto da pessoa com medo de altura (a parte de nosso corpo que fica dentro do ouvido e nos permite perceber a força da gravidade e os movimentos de cabeça) que esteja sinalizando de forma alterada. Muitos estudos vêm mostrando como o movimento dos olhos e o controle do equilíbrio estão alterados no medo de altura.

Um estudo de uma pesquisadora nos Estados Unidos, a fisioterapeuta Susan Whitney mostrou que o treinamento de equilíbrio com reabilitação vestibular (que treina o nosso equilíbrio postural e o nosso labirinto e olhos) associado à terapia cognitivo comportamental diminuiu a oscilação postural e a ansiedade em um paciente com medo de altura ajudando a melhorar o quadro de forma completa.

Nosso olhar tem se voltado para a postura, o equilíbrio, a percepção em muitos quadros de transtornos ansiosos e temos melhorado a qualidade de vida dos pacientes, a Divisão de Fisioterapia do Instituto Central aborda estes transtornos mentais na Especialização de Fisioterapia em Transtornos Mentais com um programa que envolve conceitos de saúde mental, neurociências, cognição, comportamento motor e suas relações.

Texto Profa Ms Catarina Costa Boffino

Vídeo gentilmente cedido por www.resgatedomovimento.com

Referências:

Whitney SLJacob RGSparto PJOlshansky EFDetweiler-Shostak GBrown ELFurman JM. Acrophobia and pathological height vertigo: indications for vestibular physical therapy? Phys Ther. 2005 May;85(5):443-58.

Boffino CCde Sá CSGorenstein CBrown RGBasile LFRamos RT. Fear of heights: cognitive performance and postural control. Eur Arch Psychiatry Clin Neurosci. 2009 Mar;259(2):114-9. doi: 10.1007/s00406-008-0843-6. Epub 2008 Sep 19.

Brandt TKugler GSchniepp RWuehr MHuppert D. Acrophobia impairs visual exploration and balance during standing and walking. Ann N Y Acad Sci. 2015 Apr;1343:37-48. doi: 10.1111/nyas.12692. Epub 2015 Feb 26.

 

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