Histórias de alguns inovadores na área da Fisioterapia


A fisioterapia nunca teve o reconhecimento de uma laureado do prêmio Nobel. O Prêmio Nobel congratula pessoas que contribuíram de forma excepcional nos campos da química, física, literatura, paz, fisiologia ou medicina, e economia. Um médico, no entanto, Dr. Gustaf Zander (1835-1920) foi um dos candidatos ao prêmio em 1916. Ele foi considerado para o prêmio devido ao seu trabalho em mecanizar os movimentos passivos e ativos que os fisioterapeutas usavam manualmente para tratar doenças. Dr Gustaf iniciou seus estudos médicos na Suécia, na Universidade de Uppsala, tendo sido formado no Instituto Karolinska, em 1864. Ele fundou em 1865, o Instituto Médico-Mecânico (“Medico-mekaniska Institutet”) para fisioterapia poder ser desempenhada através de máquinas mecânicas (imagens 1 e 2), projeto que foi desenvolvido junto com o engenheiro Ernst Göransson. Os aparelhos e a metodologia foram apresentados em 1876, na Exposição Universal de 1876, que aconteceu nos Estados Unidos, Filadélfia, Pensilvânia, para comemorar os 100 anos da assinatura da declaração de independência do país. Na década de 1870, o Dr Gustaf abriu uma filial do seu instituto em Londres e depois nos Estados Unidos. A idéia do Dr Gustaf era fundamentar uma metodologia que permitisse “o emprego de meios mecânicos para a cura de doenças”. Os equipamentos foram descritos por ele no livro “Die Apparate für mechanisch-heilgymnastische Behandlung und deren Anwendung” em 1893 (wikipedia). O Dr Gustaf veio a ser membro da Academia Real das Ciências da Suécia (1896), e seus equipamentos foram usados na academia RMS Titanic e na reabilitação de pessoas com sequelas na Primeira Guerra Mundial nos países europeus, o que permitiu o embasamento da técnica do Dr Gustaf e os fundamentos da mecanoterapia. A metodologia desenvolvida sofreu altos e baixos e foi reintroduzida no mercado, na assistência e pesquisa aos poucos com os estudos mais atuais de condicionamento físico e muscular, e o modo de vida com um cuidado “fitness”, desde 1980. Os fisioterapeutas, reabilitadores, educadores físicos, médicos travam questões sobre os conceitos da mecanoterapia no processo de reabilitação, prevenção e tratamento de doenças cada vez mais em nossa época. Estudos de ressonância mostram o efeito do movimento ativo e passivo no cérebro, Galazzo et al (2014), mostrou com estudo de ressonância magnética funcional que atividades passivas e ativas estão profundamente relacionadas e ativam as mesmas áreas cerebrais em indivíduos saudáveis, o que suporta que usemos as tarefas passivas como uma ferramenta diagnóstica. Van de Winckel A et al (2013) mostrou haver intensa atividade cerebral em um estudo com ressonância magnética funcional, em pacientes portadores de Encefalopatia Não-Progressiva da Infância (ENPI ou Paralisia Cerebral – PC) tanto com o movimento passivo quanto ativo, embora nas crianças com PC, a atividade cerebral seja maior durante a movimentação ativa. Esses estudos corroboram uma metodologia iniciada há anos por pesquisadores como Gustaf Zander (anos de 1800-1900) e que continua a nos trazer embasamento para a avaliação e tratamento em medicina, reabilitação e fisioterapia.

A fisioterapia se baseia enormemente nas terapias motoras, ou sensório-motoras, e na execução de exercícios físicos. A metodologia que suporta o exercício físico é extremamente estudada, no entanto, muitas lacunas existem ainda. Algumas técnicas nos permitem alçar vôos mais altos, e vem contemplando o equilíbrio entre treinar postura e movimento, força e alongamento. O Método Pilates é uma delas e o criador desse método, foi Joseph Pilates (1883-1967). Joseph Pilates era enfermeiro e criou o método Pilates através de estudos como autodidata em anatomia e fisiologia humana e medicina oriental desde uma idade tenra, d

 

esenvolvendo assim os exercícios do Método. Durante a Primeira Guerra Mundial, Joseph Pilates precisou usar os exercícios como recurso para sua sobrevivência, por ser alemão e morar na Inglaterra, ele foi confinado pelas autoridades britânicas, e no campo de concentração se tornou vigia e enfermeiro. Ele usava as molas das camas, nessa época, para desenvolver equipamentos para reabilitar seus pacientes, usando a resistência das mesmas. Após a Primeira Guerra, Joseph Pilates foi para os EUA, onde abriu o seu primeiro estúdio com sua esposa, Clara. O método foi um sucesso rapidamente, especialmente entre bailarinos. Joseph Pilates foi atrás de um sonho, com uma idéia focada no problema, buscando a ciência, a teoria e, a prática para embasar seus estudos e método.

 

Atualmente, a fisioterapia busca suas evidências focando numa ciência de extrema qualidade. As fisioterapeutas Susan L. Whitney e Fay B. Horak vem se destacando em entender mecanismos envolvidos no controle motor, inovação nos métodos de avaliação (escalas e métodos de avaliação e tratamento com devices/equipamentos de tecnologia de informática) e tratamentos fundamentados em evidência, que possam ser replicados, e acima de tudo possam ser referências confiáveis para todos os profissionais de reabilitação com parâmetros quantificáveis e claros.
A fisioterapeuta Susan Whitney é professora associada do Departamento de Fisioterapia da Universidade de Pittsburg (EUA) e Diretora do Programa de Reabilitação Vestibular. Reconhecida pela Sociedade Bárány é uma pesquisadora com publicações relevantes para a fisioterapia, incluindo guidelines de reabilitação vestibular e estudos de coorte, usando técnicas inovadoras como o uso da estimulação vibrotátil para melhora do equilíbrio em idosos, e o uso da realidade virtual como tratamento de alterações de equilíbrio postural. A fisioterapeuta Fay B. Horak é professora na Universidade de Saúde e Ciência de Oregon (OHSU), e chefe do laboratório de Desordens de Equilíbrio. A Dra Horak estuda desordens neurológicas que afetam o equilíbrio e a marcha como o envelhecimento, a Doença de Parkinson, Esclerose Múltipla, Ataxia Cerebelar, Doenças Vestibulares Centrais e Periféricas, Neuropatia Diabética e Dor Lombar. Desenvolveu uma forma de avaliação padronizada para o equilíbrio postural (BESTest – Balance Evaluation Systems Test – http://www.bestest.us/) e que nos permite melhorar a qualidade da assistência e pesquisa em fisioterapia, com dados confiáveis e replicáveis. As duas fisioterapeutas possuem reconhecimento internacional e diversos prêmios na área da saúde e reabilitação.

 

O Dr Miguel Angelo Laporta Nicolelis, brasileiro, médico e neurocientista. É considerado um dos principais pesquisadores da atualidade. No início dos anos 2000, foi considerado um dos vinte maiores cientistas em sua área, e foi o primeiro brasileiro a ter um artigo publicado na capa da revista Science. O Prof Nicolelis lidera um grupo de pesquisadores na Universidade Duke (EUA) no campo de fisiologia de órgãos e sistemas, e desenvolve pesquisas para integrar o cérebro humano com máquinas (através da interface cérebro-máquina e neuropróteses) para auxiliar na reabilitação de pacientes com algum tipo de paralisia, como no caso dos traumas raquimedulares.
Todos esses pesquisadores contribuíram de forma especial para a fisioterapia com pesquisas que agregam a teoria e prática e, que ainda buscam fazer uma ponte com melhorias e inovação na assistência de pacientes e pesquisas clínicas.

Autora: Catarina Boffino

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