A fisioterapia pélvica, também conhecida como uroginelógica e fisioterapia em saúde da mulher, visa resolver as queixas urinárias, coloproctológicas, sexuais e aquelas que normalmente ocorrem no período gravídico-puerperal, além do importante papel na prevenção de disfunções e preparo para o parto.
Quando se fala em reabilitação pélvica logo vem em mente, o treinamento dos músculos do assoalho pélvico, uma importante ferramenta utilizada nesta especialidade e que atualmente vem dividindo espaço com outras abordagens e recursos sob a influência da preocupação dos profissionais da saúde com a funcionalidade humana. Funcionalidade é um termo que abrange todas as funções do corpo, atividades e participação. Do ponto de vista funcional, o centro do cuidado é o individuo e suas particularidades, levando em consideração as tarefas que realiza e sua interação com o ambiente e não mais a patologia. Isso requer um olhar cuidadoso para identificar a causa das disfunções e conduzir a abordagem de forma indivualizada, conforme a necessidade de cada um.
Diante deste cenário, ainda é um grande desafio trazer este conceito para o tratamento de queixas muitos específicas, como é o caso da incontinência urinária, fecal, constipação, disfunção sexual, dentre outras, em que geralmente se associa os sintomas apenas às alterações de recrutamento do AP. Embora a maioria das disfunções pélvicas tenha origem musculoesquelética, muitas vezes o AP pode ser “vítima” e não “culpado”, o que justifica situações comuns em se tem AP com função normal e com presença de queixas, ou os casos de alterações de recrutamento do AP com ausência de queixas. Como explicar essa relação?
Muitos estudos tem mostrado que ao contrário do que se imaginava até pouco tempo, o AP não tem ação isolada, mas age em sinergia com os demais músculos que envolvem a cavidade abdominal: diafragma, abdominais e músculos da coluna. A ativação conjunta destes músculos, promovem e mantem a pressão intraabdominal basal, responsável pela estabilidade do tronco, pelo tônus postural, por uma boa mecânica respiratória, pela continência e eliminação. Isso quer dizer que qualquer alteração neuromecânica, como má postura, incoordenação, diminuição ou excesso de força dentre outras, podem prejudicar a sinergia destes músculos e afetar suas funções e ajustes. Essa relação explica a ocorrência de queixas pélvicas associadas à outras condições como dor lombar, desequilíbrio, refluxo gastroesofágico e cansaço aos mínimos esforços e claramente mostra a necessidade de uma abordagem funcional que tire a lupa do segmento pélvico e se atenha a todos os aspectos envolvidos na queixa e na história do indivíduo. Somente desta forma será possível promover uma reabilitação mais efetiva e duradoura.
Escrito por Rita Pavione Rodrigues Pereira, mestre em Ciências da Reabilitação pela FMUSP
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